sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Personagens da Boa Nova: Fotina

Um arauto na Samaria. A tradição oral acatou e conservou, até os nossos dias, a denominação de "A Iluminadora" que lhe conferiram os primitivos cristãos, que se nutriram na sua coragem de proclamar as imperfeições e pela afeição com que se ligou a Jesus.

Calcula-se que o fato se deva ter dado entre os meses de dezembro/janeiro, pois que, em seu diálogo posterior, registrado pelo Evangelista João, em seu capítulo 4:35, Jesus se refere à colheita do trigo que se deveria dar quatro meses empós, o que seria, pois, entre os meses de março ou abril.

Jesus se encontrava na Peréia, quando soube da prisão de João Batista e, com o intuito de não acirrar ainda mais os ódios dos seus inimigos, com a Sua presença, retirou-se para a Galiléia.

Havia três caminhos a escolher: um, pelo litoral do Mar Mediterrâneo, outro, pelas margens do Jordão e, finalmente, pelo interior da Samaria. Este último foi o que o Mestre preferiu.

Ele deseja um encontro. Galga a serra de Efraim, contornando o monte sagrado onde os samaritanos adoravam Jeová. O caminho é áspero e cansativo, desenvolvendo-se sobre despenhadeiros, entre pedregulhos e calhaus.

À hora sexta (meio-dia) Jesus e os discípulos atingem o fundo do declive, onde os prados se desenrolam, cobertos pelas searas e se ergue, todo em alvenaria, o poço de Jacó. Era costume, entre os samaritanos, denominar as localidades com nomes patriarcais. Os companheiros se dirigem à cidade próxima, Sicar, a fim de adquirir pão e frutas. O Mestre prefere esperar.

É como se Ele tivesse marcado um encontro. Ele aguarda. Quem? Será um personagem importante ou uma alma virtuosa? Não: a pessoa que virá será alguém sem nenhuma importância e carregada de culpas.

Não tardou a aparecer uma mulher samaritana. Trazia um cântaro à cabeça e, ao deparar com o judeu, estaca. Depois, meio a medo, ela passa por ele, dirige-se ao poço. Amarra as asas do cântaro à corda, e colhe a água. Coloca a bilha sobre o poial e quando vai levantá-la ao ombro, ouve:

- "Dá-me de beber."

A samaritana estranha o pedido. Será com ela mesma? Um judeu pedindo favor? Judeus e samaritanos olhavam-se com despeito, julgando-se superiores os primeiros e considerando os segundos impuros, eis que se haviam mesclado aos imigrantes pagãos, que tinham dominado a Samaria.

Um outro detalhe ainda a surpreende. Ela é uma mulher, a quem o homem não dirije a palavra em público, mesmo seja sua esposa, mãe ou irmã.

Um tanto irônica, extravasa a própria amargura e lhe diz:

- "Como sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?"

A resposta do rabi judeu não revela aspereza, nem revide:

- "Se tu conhecesses o dom de Deus, e quem é o que te diz: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva."

"Como alguém que nem tem com que tirar a água do poço, poderia ofertar água?" - é o que ela indaga, para ouvir a respeito da água vivia com que Jesus vinha dessedentar a humanidade. Uma água que dessedenta eternamente.

Terá pensado a mulher na bênção de não mais necessitar vir à fonte, duas vezes ao dia? Terá percebido nas palavras do rabi algo que lhe pudesse saciar a sede interior? Ela bebera os prazeres sensuais em grande abundância, nas suas águas salobras, e não sentira diminuído o ardor que a fizera mendiga de muitos homens.

- "Dá-me dessa água, Senhor." - Agora ela se torna pedinte.

O Amigo Celeste lhe diz que vá chamar seu marido e retorne. Ela se perturba. Toda sua alma ferida, humilhada, receia. As lágrimas escorrem pela face. Quanto desejara, tantas vezes, ser considerada uma mulher correta, e, conseqüentemente, respeitada. Mas jamais o fora.

- "Não tenho marido..." - balbucia.

Jesus sabe, conhece sua intimidade e ao confirmar-lhe que ela falava a verdade, porque já tivera cinco maridos e o homem com quem convivia não era seu marido, conquista em definitivo a mulher.

Ela o reconhece como profeta, pois somente um Profeta poderia saber tais coisas, devassar-lhe o interior.

A mente em desalinho, ela deseja aproveitar cada minuto, e pergunta, interroga. Sua voz se torna doce. A conversação se alonga, em torno das considerações do correto local de adorar a Deus.

Jerusalém, pregavam os judeus. Monte Garizim, mesmo depois do templo destruído, falavam os samaritanos.

A admirável paciência de Jesus lhe diz:

- "Acredita-me, senhora; virá a hora em que adorareis ao Pai, não já neste monte, nem em Jerusalém, mas em espírito e em verdade; pois Deus é espírito e os que o adoram, em espírito e verdade, é que devem adorá-lo.

As palavras são sublimes: um cálice de água viva. Rompem-se velhos conceitos e separativismos. Deus não pertence a um povo, a uma casta. É imanente em tudo e todos. Transcendente.

Talvez por não estar habituada a questões filosóficas mais profundas, não tivesse entendido bem o ensino. Ou talvez se desejasse assegurar a respeito da identidade do peregrino. Fosse porque fosse, ela ousa dizer:

- "Bem sei que, quando vier o Messias, nos há de revelar todas as coisas..."

E Jesus, de modo direto, se identifica, antes de o fazer, de forma ostensiva, a outro qualquer:
- "Eu o sou; eu, que falo contigo."

Aquela informação despertou na mulher uma explosão de alegria. Algo dentro dela se rompeu. Ela abandonou o cântaro à borda do poço e se pôs a correr na direção de Sicar, entrando na cidade a gritar:

- "Vinde e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito! Porventura não é este o Cristo?"

A população espia pelas janelas, sai às portas.

- "Estará louca?" Questionam uns.

Outros pedem-lhe explicações. O povo se vai aglomerando. Logo, são centenas de habitantes da cidade que a rodeiam.

O falatório cresce. As discussões se ampliam. O melhor é irem todos ver o tal estrangeiro que falou com Fotina. Quase aos atropelos, descem até o poço de Jacó.

Os discípulos, que chegaram com as compras, oferecem alimento ao Mestre, que agradece, mas não se serve. Refere-se a um alimento que eles desconhecem e que a sua comida é fazer a vontade dAquele que o enviou.

Os samaritanos o rodeiam e o ouvem. Ele fala da semeadura e da colheita àqueles pastores, agricultores, pescadores. Tão encantados ficaram que rogaram que Ele permanecesse mais um tempo. Jesus se deixou ficar por dois dias em Sicar, ensinando e curando.

Ao se despedir, no terceiro dia, havia lágrimas nos olhos de toda aquela gente desprezada e humilhada. Nunca ninguém lhes dera tanto.

Todos os que haviam bebido da Sua sabedoria, que haviam se consolado com Seus ensinos, que haviam vislumbrando a chance da renovação, ou se curado de mazelas, voltaram-se para Fotina, e lhe disseram:

- "Mulher, já não é pelo que disseste que nós cremos: porque nós mesmos O temos ouvido e sabemos que Ele é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do Mundo..."

E "A Iluminadora" nunca mais foi a mesma, após o sublime encontro, na tarde quente, ao sol do meio-dia.

Bibliografia:
01.FRANCO, Divaldo Pereira. A mulher da Samaria. In:___. As primícias do reino. Pelo espírito Amélia Rodrigues. Rio de Janeiro: SABEDORIA, 1967.
02.RENAN, Ernest. Relações de Jesus com os pagãos e os samaritanos. In:___. Vida de Jesus. São Paulo: Martin Claret, 1995. cap. 14.
03.ROHDEN, Huberto. Água viva. In:___. Jesus Nazareno. 6. ed. São Paulo: União Cultural. v. 1, cap. 28.
04.______. Jesus e as mulheres. Op. cit. Cap. 54.
05.SALGADO, Plínio. Jesus e a samaritana. In:___. Vida de Jesus. 21. ed. São Paulo: Voz do Oeste, 1978. cap. 24.
06.TEIXEIRA, J. Raul. O Messias. In:___. Quem é o Cristo. Pelo espírito Camilo. Niterói: Fráter, 1997. cap. 14.

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1- Matéria publicada no Jornal Mundo Espírita - junho/2004.
2- Texto faz parte também do livro Personagens da Boa Nova, publicado em 2010, pela FEP - Federação Espírita do Paraná.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Agenda Cristã: Irmãos em perigo

Os que pretendem transformar o próximo, de um dia para outro, a golpes verbais.

*

Os que descobrem pareceres inteligentes e bons conselhos para todas as pessoas, distraídos dos problemas que lhes são próprios.

*

Os que colocam a mente em outro mundo, de maneira absoluta, sem atender aos deveres do mundo em que respiram.

*

Os que permanecem incessantemente preocupados em se defenderem.

*

Os que fazem dez projetos maravilhosos por dia sem concretizar nenhum deles em dez anos.

*

Os que reconhecem a grandeza das verdades divinas, mas que jamais dispõem de tempo para cultivá-las, em favor da própria iluminação.

*

Os que adiam indefinidamente para amanhã o serviço da compreensão e do amor ao próximo.

*

Os que se sentem senhores exclusivos de todos os trabalhos no campo da caridade, sem distribuir oportunidades de serviço aos outros.

*

Os que declaram perdoar a ofensa, mas que nunca conseguem esquecer o mal.

*

Os que encontram ensejo de se entediarem da vida.



Agenda Cristã, livro publicado
em 1947, ditado pelo Espírito André Luiz
e psicografado por Francisco Cândido Xavier,
tem seus capítulos publicados no blog
todas as quartas-feiras.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Momento Espírita: Mais um ano...



As alvoradas do novo ano se anunciam.

Passou o Natal e agora se aguarda a festividade da virada do ano.

Um ano se vai. Outro inicia.

É tempo de reflexão.

Que fizemos durante esses 365 dias que se esgotaram no calendário terrestre?

Trabalhamos muito? Mas nosso trabalho teve como objetivo somente ganhar dinheiro ou promovemos algo de verdadeiramente bom para alguém, para a comunidade?

Trabalhamos até à exaustão, sem tempo para a família, os amigos, o lazer refazente?

Contribuímos para alfabetizar uma criança, um jovem, um adulto?

Aderimos a campanhas de promoção da vida e da dignidade humana? Fizemos a diferença no mundo?

O que fizemos, afinal?

O que foi diferente para nós, no ano que passou?

Simplesmente reprisamos os feitos dos meses anteriores ou as promessas escritas na mente e no coração foram colocadas em prática?

Será que a esperança com que aguardamos o novo ano será de tão pouca duração quanto foi a do ano que morre?

Pensemos um pouco e valorizemos mais o nosso tempo.

Somos passageiros em um mundo de formas que todo dia sofre mudanças e nos pede mudanças.

Mudanças de comportamento, aprendizados de técnicas, readequação a cargos, funções.

E, intimamente, como estamos? Quanto crescemos?

*   *   *

É tempo de renovação. Não deixemos que o ano novo seja simplesmente um evento assinalado no calendário, uma convenção humana para demarcar o tempo.

Pensemos que o tempo é tesouro em nossas mãos e nos compete utilizá-lo com sabedoria.

Assim, ante a expectativa dos 365 dias que se espreguiçam na aurora dos meses à frente, façamos propósitos de viver melhor, de crescer em intelecto e moral.

Na planilha de nossa mente estabeleçamos diretrizes para esses dias sorridentes que nos aguardam.

Momentos para estar com os amores. Momentos para abraçar, sorrir, brincar.

Horas de estudo, aprendizado, crescimento intelectual. Um novo curso, uma especialização, um mestrado, um doutorado.

Ou apenas aprender a ler, dominando as letras.

Momentos para leitura de livros que chegarão ao mercado livreiro, interessantes e oportunos. Momentos para releitura de obras antigas, que nos merecem o folhear de suas páginas, uma vez mais.

Ilustração da mente. Reflorescimento de ideias.

Renovação de atitudes. Menos preguiça, mais ação. Utilizar melhor a tecnologia para conservar amigos e reconstruir pontes afetivas.
Ano novo! Quantas promessas.

Absorvamos as alegrias que nos motivam a comemorar a chegada do novo ano e as mantenhamos conosco nos dias a viver.

Abriguemos a esperança que se exterioriza em todos os sorrisos e a tenhamos conosco, durante os meses vindouros.

Projetemos um ideal de vida e o persigamos para que, quando o novo ano se for, gasto, vivido, possamos olhar para trás e, sem remorso, afirmar:

Foi um bom ano! Cresci muito: amei, trabalhei, estudei, vivi!

Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita
Em 31.12.2009.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Palestras da semana (26/12 a 31/12)

Domingo, 26 de dezembro, 19h.
Tema: Ano Novo, proposta para renovação
Palestrante: Tânia

Terça-feira, 28 de dezembro, 20h.
Tema: Ano Novo, proposta para renovação
Palestrante: Tânia

Quarta-feira, 29 de dezembro, 16h.
Tema: Ano Novo, proposta para renovação
Palestrante: Tânia

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Personagens da Boa Nova: Isabel, a esposa de Zacarias

Segundo a Vulgata, seu nome seria Elisabeth, do hebraico "Eliseba", significando Deus é plenitude. Dos Evangelistas, somente Lucas a ela se refere, assinalando ser descendente de Arão. Esposa do sacerdote Zacarias, com ele vivia, provavelmente, na aldeia serrana conhecida nos dias recentes como São João da Montanha, situada em Ain-Karim, cerca de 7 km. a oeste de Jerusalém.

Como toda mulher, em Israel, deve se ter casado entre os 12 e 12 anos e meio. Embora não fosse aconselhado que à menina fosse ensinada a Lei e as tradições, no relato de Lucas se reconhece que Isabel conhecia os textos sagrados.(Lucas, 1: 43)

Ainda que, em Israel, a mulher ocupasse lugar de subalternidade - pois os textos previam que ela se devia ocupar dos filhos, da casa, chegando a especificar a quantidade mínima de lã ou linho que ela deveria fiar ou tecer por semana, e onde devia, inclusive, aceitar que seu marido dividisse sua afeição com outras mulheres, fossem esposas ou concubinas, - não se pode descartar a existência do amor conjugal.

Desta forma, ao se ler a respeito de Isabel e Zacarias, conclui-se que o casal vivia a monogamia, mesmo porque, a poligamia era rara, em Israel, em primeiro lugar por razões econômicas. Embora as leis rígidas quanto à mulher, não é raro se encontrar o amor transfigurando todas as leis, bastando se leia no Antigo Testamento tantos casos de homens que amaram intensamente suas mulheres, a elas se entregando em totalidade.

É de supor, pois, que o casal Isabel e Zacarias, citados por Lucas como "justos diante de Deus, caminhando irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos do Senhor" vivia a aura do respeito, dedicação e amor mútuos.

Difícil é se imaginar qual seria a idade de ambos, tidos como avançados em anos, ao tempo em que Isabel, assinalada como estéril, veio a conceber, visto que a idade era contada de forma diversa da atual, tanto quanto considerando-se que o homem se consorciava aos 18, a mulher antes dos 13 anos.

Isabel, dias após a visita do mensageiro espiritual Gabriel a seu marido Zacarias, no Templo, concebeu. Relata ainda o Evangelista que durante 5 meses ela permaneceu escondida, crendo que sua gravidez era uma graça que recebera do Senhor, que assim a reabilitava perante os homens, em face da importância dada à geração de filhos.

Isabel é citada como prima de Maria, a mãe de Jesus, embora haja ocasiões em que simplesmente a ela se referem como parenta de Maria. Essa, tão logo recebe a notícia de que será mãe do Filho de Deus, e que sua prima igualmente concebera, encontrando-se no sexto mês de gravidez, a vai visitar.

A viagem deve ter durado de 4 a 5 dias e o Evangelista omite detalhes como Maria se deslocou até lá. O que a movia, com certeza, não era verificar se verdadeiramente estava grávida sua prima, senão o intuito de a auxiliar, naqueles meses. Igualmente, o desejo de felicitar a prima pela grande mercê que Deus lhe acabara de fazer.

À porta do jardim, Isabel é a primeira a avistar Maria e lhe corre ao encontro, de braços abertos. Prostra-se reverente aos pés de Maria e a saúda com as palavras: "Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre. E donde me provém isto a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor?"

E explica que, tão logo a voz de Maria cumprimentando-a, à distância, chegou aos seus ouvidos, o menino exultou de alegria em seu ventre. Dois detalhes importantes: Isabel estava plenamente ciente da visão do marido e aqui se permite ser a médium de manifestação espiritual.

Conforme os Evangelhos, ela ficou "cheia de um Espírito Santo" e os estudiosos afirmam que o próprio Elias que estava a se reencarnar naquele ventre, é que por ela falou.

Ele sabia de tudo o que estava ocorrendo e tinha visão espiritual ampla, mesmo porque Isabel não poderia de outra forma estar ciente da gravidez de Maria, que não tinha nem um mês, e portanto não aparecia externamente.

Esta explicação da consciência do espírito ainda no seio materno é dada por estudiosos como Orígenes, considerado um dos pais da Igreja, e mais Tertuliano, Irineu, Ambrósio e o teólogo Suarez.

Conclui Isabel, por si mesma, abençoando Maria porque nela se cumpriram as promessas antigas de Yaweh e também por que ela deu crédito ao anjo que lhe participara a notícia.

Tendo dado à luz um menino, o fato causou grande alegria e alvoroço entre a parentela e a vizinhança.

No oitavo dia, o menino foi circuncidado. O rito da circuncisão podia ser desempenhado por qualquer israelita e na residência dos pais. Em todas as localidades havia o Mohel, a pessoa habilitada para essa delicada operação no recém-nascido.

Pelo que se depreende do Evangelho de Lucas, o fato se deu em casa, porque Isabel estava presente, e conforme a Lei a mulher não podia sair à rua antes de transcorridos 40 dias do parto, se tivesse dado à luz um varão. O prazo era contado em dobro, caso o nascituro fosse do sexo feminino.

No ato da circuncisão, Isabel interfere, pois se pretende dar o nome do pai ao menino. Causa estranheza a anotação de Lucas, pois não era costume tal, entre o povo de Israel, evitando criar confusão entre pai e filho, com nome idêntico. Talvez porque Zacarias fosse idoso, imaginaram que não poderia haver tal confusão. Ele morreria, possivelmente, em breve.

Mas a mãe não é bem ouvida pelos que ali estavam. Primeiro, porque a mulher não poderia sugerir nome para o filho; segundo, porque o nome que ela sugere, João, não existia na família.

Enfim, é o pai, Zacarias que, consultado, escreve em uma tabuinha, o nome João, atendendo ao mensageiro que o visitara, no altar do Templo, há pouco mais de 9 meses.

Após a circuncisão do filho, não mais se ouve menção nominal a Isabel. Talvez estivesse inclusa entre aquelas citadas por Lucas (8, 1 ss) que seguiam Jesus: "... Maria, chamada Madalena, da qual sairam sete demônios; e Joana, mulher de Cusa, procurador de Herodes e Suzana e muitas outras que o serviam com suas fazendas."

Talvez tenha desencarnado algum tempo depois, antes mesmo do filho se tornar o Precursor do Cordeiro de Deus.

De toda forma, uma coisa é certa: como todas as grandes almas, ela serviu na humildade e, cumprida a sua tarefa, dar a luz ao menino que aplainaria as veredas do Senhor, sai de cena. Palpável é a certeza, contudo, de que, como José, Maria, Zacarias era uma grande alma, plenamente cônscia de sua missão, que cumpriu de forma integral.

Bibliografia:
01.BÍBLIA, N.T. Lucas. Português. Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica, 1966. cap. 1, vers. 5-25, 39-45, 57-65.
02.PASTORINO, Carlos Torres. Nascimento de João. In:___. Sabedoria do evangelho. Rio de Janeiro: Sabedoria, 1964. v. 1.
03.______. Visita a Isabel. Op. cit.
04.______. Zacarias e Isabel. Op. cit.
05.ROHDEN, Huberto. A aurora da redenção. In:___. Jesus Nazareno. 6. ed. São Paulo: União Cultural. v. I, pt. 1, cap. 2.
06.______. O anjo do deserto. Op. cit. cap. 4.
07.ROPS, Daniel. Família, "Meus ossos e minha carne". In:___. A vida quotidiana na Palestina no tempo de Jesus. São Paulo: Livros do Brasil. pt. 2, cap. 2, item 6.
08.SALGADO, Plínio. Zacarias e Isabel. In:___. Vida de Jesus. 21. ed. São Paulo: Voz do Oeste, 1978. pt. 1, cap. 4.
09.SAULNIER, Christiane; ROLLAND, Bernard. A sociedade judaica. In:___. A Palestina no tempo de Jesus. São Paulo: Paulinas, 1983. item A mulher.
10.VAN DER OSTEN, A . Isabel. In:___. Dicionário enciclopédico da bíblia. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1985.

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1- Matéria publicada no Jornal Mundo Espírita - fevereiro/2005.
2- Texto faz parte também do livro Personagens da Boa Nova, publicado em 2010, pela FEP - Federação Espírita do Paraná.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Agenda Cristã: Solicitação fraterna

Ajude com a sua oração a todos os irmãos:

que jamais encontram tempo ou recursos para serem úteis a alguém;
que se declaram afrontados pela ingratidão, em toda a parte;

que trajam os olhos de luto para enxergarem o mal, em todas as situações;

que contemplam mil castelos nas nuvens, mas que não acendem nem uma vela no chão; que somente cooperam na torre de marfim do personalismo, sem lhe descerem os degraus para colaborar com os outros;

que se acreditam emissários especiais e credores dos benefícios de exceção;

que devoram precioso tempo dos ouvintes, falando exclusivamente de si;

que desistem de continuar aprendendo na luta humana;

que exibem o realejo da desculpa para todas as faltas;

que sustentam a vocação de orquídeas no salão do mundo;

que se julgam centros compulsórios das atenções gerais;

que fazem o culto sistemático à enfermidade e ao obstáculo.

São doentes graves que necessitam do Amparo Silencioso.


Agenda Cristã, livro publicado
em 1947, ditado pelo Espírito André Luiz
e psicografado por Francisco Cândido Xavier,
tem seus capítulos publicados no blog
todas as quartas-feiras.